O silêncio dos livros é uma obra com narrativa discursiva poética, que nos faz refletir sobre a importância dos livros e como a leitura é essencial para o nosso senso crítico e para a formação de questionamentos, entre outras coisas. Devo adiantar que essa leitura foi extremamente satisfatória para mim, no princípio, tive uma certa dificuldade em me conectar com a narrativa devido ao vocabulário que o autor utiliza, um pouco mais rebuscado do que o que eu estou acostumada, mas tão logo me habituei e a narrativa fluiu como deveria.
O livro é dividido em partes, na primeira, somos inseridos em um futuro não tão distante ou talvez muito distante (depende do seu ponto de vista), em que os livros são proibidos. Ler, comprar, colecionar ou qualquer ato que envolva as tão delicadas e encantadoras páginas, é crime.
Nesta primeira parte, conhecemos Alice, uma menina que no auge dos seus oito anos sonha com uma época distante, uma época em que os livros eram permitidos, secretamente, ela mantém um exemplar que fora um dia de sua já falecida avó, entretanto ele não dura muito, quando sua mãe o descobre, trata logo de se livrar dele.
Alice é uma menina sem o carinho e afeto dos pais, e por isso, carente de atenção. Quando um homem ocupa a casa ao lado da sua e ela descobre o apreço que ele possui pelos livros e histórias, ela finalmente acredita ter achado seu ponto de paz.
A narrativa da segunda parte retrocede alguns anos e somos apresentados a Hilário Pena. Um brasileiro, condenado, tentando provar sua inocência ou talvez, tentando entender quem de fato é.
A vida na prisão o isolou de muitos acontecimentos que mudaram drasticamente o rumo da sociedade, com o mínimo contato que ele tinha com a sociedade exterior, ficou sabendo quando a proibição dos livros e impressos começou, mas para ele, não fazia diferença, não entendia porque livros eram tão superestimados. O amadurecimento de Hilário foi um ponto alto na história, a construção e a desconstrução de antigos conceitos nos mostrou mais do que somente a mudança e evolução de um personagem, foi possível captar a essência do que o autor queria transparecer.
A terceira parte do livro fica por conta da inserção de Hilário/Santiago na família de Alice, e o desfecho surpreendente da trama fez com que eu ficasse de boca aberta e com o coração acelerado.
O silêncio dos livros foi uma surpresa agradável para mim, e é o tipo de leitura que a cada releitura há mais intrínseco diante dos parágrafos, uma referencia aqui e outra ali torna a leitura instigante e desbravadora.
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